Ano eleitoral,
a hora e a vez da
agricultura familiar
Silda Lorena
Jornalista, Produtora Familiar e Feirante
O momento é propício para discutir os desafios da Agricultura Familiar nos municípios. O período eleitoral é oportunidade que se deve aproveitar, sobretudo com o acúmulo de vivências, experiências e pele curtida! Tendo a favor as estatísticas oficiais que indicam a importância da produção familiar: 70% da comida dos brasileiros advém da agricultura familiar.
Onde a temática não estiver na pauta dos candidatos, é nossa tarefa colocá-la na ordem do dia. Afinal, temos conhecimento da causa! Há mais de uma década, no Médio Araguaia, organizações de agricultores e extrativistas, associações, cooperativas, grupos informais, grupos familiares, comunidades tradicionais, assentamentos de reforma agrária vem se organizando, articulando-se para encontrar o caminho do desenvolvimento da agricultura familiar, com foco na organização produtiva e comercialização, tendo a agroecologia como eixo transversal desse processo.
Afinal, agricultura familiar não se resume a produção e comercialização de produtos. Ela diz respeito a jeitos de viver, modos de vida com sustentabilidade. Local de produção do camponês/esa é também sua moradia, local de criação de seus filhos, de fartura, diversidade. De quintais amplos e vivos!
No entanto, é preciso anunciar isto com muita clareza e ênfase. Porque o campo ainda é visto ou imaginado como lugar de atraso. Infelizmente, os desertos verdes de soja ou cana ou pastagens, por exemplo, é que encantam os olhos de muitos prefeitos, vereadores, secretários de agricultura!
Trilhamos, ainda, na contramão do que a maioria deles defendem! Isso explica o abandono do rural quanto a políticas públicas específicas! Assistência técnica e sistemas de inspeção acessíveis são pontos imprescindíveis na pauta. Mãos à obra porque a disputa eleitoral já está em curso!